sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Governo Yeda e a Educação


O governo Yeda e a educação, por José Celmar Roir da Silva*
Quando os gaúchos elegeram o atual governo, votaram num projeto de políticas de resultados que se apresentava como sendo um novo jeito de governar. Resultados na economia, está aí o propalado déficit zero, com um custo social altíssimo.

Quero falar de uma área que eu conheço mais, por ser professor no Estado há 23 anos, para não parecer que estou inventando ou que estou falando pelos outros, em áreas como segurança e saúde, nas quais o descaso e a irresponsabilidade deste governo são também muito grandes.

O que está acontecendo nas escolas públicas estaduais atualmente é um processo de desmoralização, de desmotivação, de cinismo e de crueldade jamais visto. Nesses 23 anos, só teve algo parecido com o quadro de pessoal por escola (QPE), do governo Simon, ou o calendário rotativo, do governo Collares. Mas o que estamos assistindo hoje é muito mais cruel e desanimador do que esses episódios passados. Nós estamos há dois anos sofrendo um dos maiores arrochos salariais dos últimos tempos. Com o agravante de termos turmas com cada vez mais alunos, com bibliotecas fechadas, com laboratórios fechados, por falta de profissionais.

Ainda tenho que ouvir opiniões de profissionais da imprensa, formadores de opinião, defendendo essas e outras medidas deste governo, dizendo que já trabalharam com turmas de 60, 80 e cem alunos e que isso não tem problema nenhum, que os professores reclamam de barriga cheia. Qual o profissional que elabora e corrige avaliações fora do seu horário de trabalho? Imagina ter que corrigir 300 ou 400 avaliações, porque nós somos obrigados a ter 10, 15 ou 20 turmas para ter um mínimo para sobreviver e ainda dar uma atenção maior para os alunos com mais dificuldades, com turmas de 40 ou 50 alunos! No meu caso, a maioria adolescentes, que estão cada vez mais terríveis! Este governo se diz moderno, então por que não institui o um terço de preparação de aulas, por que não adota o cartão-ponto e paga as horas extras das reuniões, dos conselhos de classe, das entregas de boletins?

A política educacional do atual governo é também de resultados. Como se a escola fosse uma empresa qualquer. Tanto é, que realizou o corte de salários dos professores grevistas como se eles não tivessem que recuperar as aulas perdidas. Então, o ano letivo não precisa de 200 dias para ser validado? Para completar a crueldade, agora quer implementar a tal da meritocracia, com a premiação aos professores que tiverem o melhor desempenho. Quem vai avaliar? O que é ter melhor desempenho? Será aprovar todo mundo? E os professores aposentados como ficam? E ainda quer destruir o nosso plano de carreira, que os governos Collares e Brito já tinham desativado. O governo Olívio reativou nosso plano, realizando concurso e retomando as promoções. A única promoção que eu tive foi no governo Olívio.

Penso que a maioria dos eleitores, incluindo aí grande parte dos professores, que escolheram este governo, não tinha a real noção de em que projeto estavam votando. Mas os empresários da mídia têm a obrigação moral de informar o que realmente está acontecendo. Qual é realmente a proposta deste governo e qual o custo social dessas políticas? Os prós e os contras.


*Professor

2 comentários:

  1. Parabéns para esse post!!!
    Muito apropriado e absolutamente verdadeiro, reflete bem a vida do educador.

    Esse blog é fundamental para que possamos expor nossas opiniões...
    Faço um apelo aos educadores para que participem deste blog, que falem de seu dia-a-dia na escola, expressem com riqueza de detalhes suas alegrias e também descontentamentos.

    Muitas pessoas ainda acham que só “choramos” por melhores salários, sim queremos ser bem pagos por nosso trabalho, mas a maioria não sabe o que é ter crianças, adolescentes e adultos em “nossas mãos” e temos que fazer verdadeiros milagres.
    O que temos pra oferecer?
    Giz, quadro, e?????
    MUITA CRIATIVIDADE!!!
    Bibliotecas estão fechadas.
    Sala de informática novinha, linda... fechada...
    Claro pra que colocar uma pessoa pra ficar sentada o dia todo em uma biblioteca?
    Uma pessoa na sala de infomática???
    Quanto gasto!!!
    Que nada!!, a professora pode muito bem usar a sala de informática sozinha.
    Olha que lindo:
    A professora e seus 30 alunos entram alegres e faceiros em uma sala que tem 10 computadores... sendo que fisicamente não tem espaço nem pra duas cadeiras entre um computador e o outro... bobagem.. isso é detalhe...
    TE VIRA PROFESSORA, TU NÃO É QUADRADA!!!
    A professora sabe usar o computador?
    Fez algum curso sobre educação digital?
    Não fez? Como não? Sua desinteressada... nem pra investir na educação, hein?
    Não tem dinheiro?
    Como assim?
    E o salário q vc recebe todo mês?
    Você tem obrigação de se atualizar!!!

    E o pior eu vou contar agora...
    Muita gente pensa assim... até na própria escola...
    Sinto-me culpada por não gastar parte do meu salário na escola...
    Não sei quanto que vcs estão ganhando... mas o meu salário não passa de R$ 600,00.
    Muitas vezes comprei lápis, canetinha, giz de cera, cola, tnt, cartolina, tinta, joguinho entre outros... ah e claro na Páscoa, Dia das Crianças, Natal o professor tem que dar um presentinho... se não der nada você é uma mesquinha!!!
    Gastei sim meu dinheiro na escola e não me arrependo...
    Mas agora a fonte simplesmente secou...
    Ainda hoje vejo algumas professoras gastando seu dinheiro na escola...
    Fazem isto para poder dar uma aula diferente, menos monótona...

    Nesses últimos anos vi muitos professores saírem lá da escola...
    Procuraram outra profissão...
    Quem conhece a nossa realidade sabe que não foi apenas por busca de salários melhores...Muitos até hoje choram de saudade de seu tempo na sala de aula... gostavam de sua profissão...
    Mas se sentem mais felizes agora...
    Dizem que tem uma tal de “qualidade de vida”...
    Alguém conhece isso?

    Dan

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  2. Sou professor da Rede Pública Estadual de São Paulo, aqui também estamos passando pelos mesmos problemas do Rio Grande, há quinze anos a política educacional é a mesma aqui, isto é, sem qualidade, escolas sucateadas, salas superlotadas, e uma tal de PROPOSTA CURRICULAR IMPLANTADA O ANO PASSADO goela a dentro dos professores, destruindo o pouco de conhecimentos que nos restava, mas a ESPERANÇA É A ESCOLA FICA E ESSES GOVERNANTES, SE QUISERMOS, PASSAM.ABRAÇOS, CLAUDIO.

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